13 outubro 2013

conto

empurrei a cama num gesto vão. 
os pés encolhem com o frio que os ameaça para lá dos cobertores
todo o meu corpo reage da mesma forma pois sabe que vai ter de o enfrentar.
as gotas cobrem-me na totalidade da minha pele ainda jovem
as gotas entram em mim e gelam-me inocentemente.
os meus pés pousam-se fora da cama, pousam-se na terra de onde começam a brotar selvagens flores de inverno. têm carácter frio que contrastam com a minha alma ainda quente.

superfície nova agora por mim decalcada, cada vez mais cheia de novas plantas que abraçam a terra. fiz-te bem enquanto por aqui caminhei. foi por isso que mais tarde corri na esperança de te ver viva e desculpa se era o inverso. acabei por te matar. agora afogo-me nas mil desculpas que gasto. caí no meu próprio mar de lamentações. 
só queria evitar que a água me matasse enquanto eu me contorço e a festa fora de água acaba bem.
eu tenho a morte no fundo do mar à espera da minha alma agora separada do meu corpo desanimado. 
ela vai pegar na minha alma e vai levá-la para longe de mim, vai pintá-la de preto para marcar aquilo que de mau havia em mim, vai mandar-me para um poço de julgamentos onde vão acabar comigo com gritos que ecoam no espaço vazio que há em mim.

1 comentário: