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24 novembro 2013

deixar cair palavras


abarcamos as memórias num desenho que rasgado pelo vento decidiu explorar o mundo no que já foi meu, e depois a eterna pergunta "o que serei se já não sou?". 
há questões que continuam por resolver e encontro-me na bolha de nível que não consegue manter-se firme. é um balançar que coincide com o assimétrico bater do âmago meu tão fraco de terríveis reflexões por que o faço passar.

13 outubro 2013

conto

empurrei a cama num gesto vão. 
os pés encolhem com o frio que os ameaça para lá dos cobertores
todo o meu corpo reage da mesma forma pois sabe que vai ter de o enfrentar.
as gotas cobrem-me na totalidade da minha pele ainda jovem
as gotas entram em mim e gelam-me inocentemente.
os meus pés pousam-se fora da cama, pousam-se na terra de onde começam a brotar selvagens flores de inverno. têm carácter frio que contrastam com a minha alma ainda quente.

superfície nova agora por mim decalcada, cada vez mais cheia de novas plantas que abraçam a terra. fiz-te bem enquanto por aqui caminhei. foi por isso que mais tarde corri na esperança de te ver viva e desculpa se era o inverso. acabei por te matar. agora afogo-me nas mil desculpas que gasto. caí no meu próprio mar de lamentações. 
só queria evitar que a água me matasse enquanto eu me contorço e a festa fora de água acaba bem.
eu tenho a morte no fundo do mar à espera da minha alma agora separada do meu corpo desanimado. 
ela vai pegar na minha alma e vai levá-la para longe de mim, vai pintá-la de preto para marcar aquilo que de mau havia em mim, vai mandar-me para um poço de julgamentos onde vão acabar comigo com gritos que ecoam no espaço vazio que há em mim.

30 setembro 2013

do que já não é



poderia dizer que fura, mas não consegue, simplesmente arranham a ferida. 
                   esses olhos de tamanho diferente, que se viram diferentes em mim.
os olhos que nunca terão a oportunidade de me ver mais nua do que aquilo que me forçam a viver.
olhos que já não se deitam ao meu lado nem me quebram o coração em mil,
                                                                migalhas.
só guardo o desejo de ficar longe. 
deitados, mortos.
                          só guardo o desejo de que de mim nasçam singelas flores e que tu aí encontres a verdadeira simplicidade da beleza genuína de um corpo dantes intocável. 

29 setembro 2013

só mais uma

são tranças feitas de linhas ásperas que me arranham a garganta,
que me fazem contorcer o corpo destapado e pedir menos horas ao relento da noite.
são tantos os dias que preenchem cada minuto quando estamos sós que eu já nem sei qual é a ordem natural das coisas..
já nada pertence a ninguém,
não me pertenço pela razão de não ter mais nada para fazer por mim
só tenho de tratar de beber algo com mel e implorar que passe..
vezes cento e quarenta e quatro

http://www.youtube.com/watch?v=0Rc-9Bz_Sdo&list=PLHhnEqm5Qfq-hNXGlJ3ULwca2XkFQ-zLF
♥♥♥♥

26 setembro 2013

assobios



é ele que se espalha e nos rodeia,
abraça-nos com ventos opostos e somos todos confrontados com estrelas no nariz.
podia despender-se de tal trabalho e corria só de noite,
embalar-me-ia e ninguém o impedia..

entrada



e se pintares de aguarela dá-te uma noção de vazio maior,
leve,
era como se fosse transparente,
sim, ainda mais.
algo que te dá a completa noção de como uma pessoa é por dentro,
como se a abrisses, como se ela te mostrasse

24 setembro 2013

gota por gota

cai,
    cai,
        cai,
            cai,
                cai e não pares.

finge-te infinita,
engana-me com a tua perfeita pureza. sim, mente-me!
engana-me a sede do teu toque tão inocente, simplesmente..
sê minha e alimenta tudo aquilo que de ti tem desejo

23 setembro 2013

introdução




introduzi-me à vida livre de achar que tudo é belo. 
esqueço-me daquilo que encobri de um pretérito ano de quartos escuros, onde a luz não atravessava o peito devido a tantos nós de tamanha insegurança.
agora, 
           resta-me agora. 
depois, 
                                              ninguém sabe, 
                                                              tudo desconhece.