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elevador
09 janeiro 2018
08 março 2017
"brinde a nós, brinde aos avós"
brinde a nós que não somos invisíveis
Hoje, Arruada da Mulher pelo Porto. Andei amarrada ao Xavier a gritar e a cantar tudo o que tinha dentro de mim que atormenta. Fiz por estar à frente do acontecimento e acabavamos sempre por ir à frente da arruada toda ao ponto de nos mandarem para trás uma vez (só uma). Ensurdecemos as ruas entre a Trindade, Bolhão, Santa Catarina até à Batalha, onde aterrámos.
Foi nesta praça que ouvi das histórias mais comoventes, mas mais que tudo, das histórias que se não me tivessem sido contadas em primeira pessoa, eram só mais uma no meio das que todos os dias estão ao nosso alcance.
Há esta mulher que pega no micro e pergunta se é invisível. NÃO. E por mais vezes que ela pergunte, a resposta é só um NÃO que cada vez fica mais forte. Mas ao mesmo tempo fica a dúvida: porquê de se achar invisível? E é aqui que ela começa o discurso.
«Se não sou invisível, porque é que só olham para a minha bunda? Porque é que só vêem o meu cabelo e a minha cor de pele? Mas será que me vêem mesmo a mim? Vêem a Bruna de 27 anos?»
Claro que as palavras podem não estar completamente iguais, até porque agora está tudo muito abalado (e embalado) de emoções, mas com este discurso que entretanto continuou, percebe-se o que é estarmos presas a uma imagem que os outros constroem acerca de nós. O que é ser só a rapariga do rabo grande. Ser só a rapariga do samba. Ser só a rapariga que se ri de qualquer coisa. Não. Essa rapariga tem mais. Não. Essa rapariga não é isso. Não. Essa rapariga não é invisível.
Essa rapariga é algo pleno. Essa rapariga é inteira. Essa rapariga está carregada dela e tu só vês o samba dela.
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